quarta-feira, 3 de março de 2010

Background: Hadrada Lothbrokson

Eu sou Hadrada. Só Hadrada. Não uso mais o nome de minha família. Não posso e não quero usar. Vou contar o porquê.

Sou o filho mais novo de Lothbrok, filho de Ragnar, filho de Fafnir, o primeiro dos Northmen a saquear vilarejos tão longe quanto as ilhas Monshae. Ragnar, meu avô, liderou expedições para saquear Baldur's Gate e Candlekeep. Meu pai tinha o sonho de saquear Waterdeep, mas nunca conseguiu juntar homens suficientes para uma empreitada dessas.

Tenho algumas irmãs, todas casadas, e dois irmãos vivos, Ivar e Ubba. Meu pai sempre exigiu que fôssemos os três em todas as suas expedições, e eu desde cedo aprendi a manejar um navio e a empunhar uma arma. Nunca fui talentoso como ele para elaborar planos de ataque, e nunca cheguei nem perto de ter a admiração que ele inspirava em suas tropas.

Quem me ensinou a lutar foi Ubba. Quando eu era mais novo e treinava luta com os outros rapazes de nossa região, próximo à cidade de Luskan, Ubba pouco a pouco me ensinou a entrar em contato e controlar os monstros que vivem dentro de nós. Aprendi assim a liberar toda minha fúria quando estava com raiva.

À medida que meu pai foi envelhecendo, o comando das expedições foi lentamente passando para Ivar. Ele nunca foi de participar de combates como Ubba e eu, mas seus planos eram quase à prova de falhas. Sempre soube fazer alianças e rompê-las no momento certo, e sempre soube posicionar os homens para os ataques serem rápidos e brutais, e as defesas serem sólidas como rochas. Ivar era traiçoeiro como uma cobra, e Ubba era forte como dois ursos.

Eu não gostava daquela vida. Eu não via sentido em destruir e roubar o que pessoas comuns vinham construindo a gerações. Eu não sou bem uma pessoa que possa ser considerada inteligente, mas sei que eu ficaria muito enfurecido se alguém viesse reclamar para si o que consegui com minhas próprias mãos. Comecei a sentir então mais raiva de meus companheiros que das pessoas que atacávamos.

Ivar já controlava algo como 12 navios e Ubba 5 quando propus a eles que parássemos de saquear os povoados. Não me lembro qual alternativa ofereci, mas tenho certeza de que ela foi bem estúpida. Estúpida a ponto de Ivar me oferecer o comando de meu primeiro navio. Provavelmente imaginei que isso era um prêmio.

A tripulação era composta de jovens bandoleiros loucos por reconhecimento e pilhagem. Ivar deve ter escolhido a dedo quem estaria no mesmo navio que eu e se disporia a me matar. Saímos em missão e, logo na primeira noite, percebi que 3 deles estavam se preparando para me atacar. Entrei para o porão do barco e lentamente convoquei a besta que mora em todos nós. Fiquei ali alguns minutos até que os assassinos entraram no porão. Num salto, degolei o primeiro e fui em direção aos outros dois. Recebi alguns golpes, mas arranquei as pernas do segundo atacante. O terceiro tentou fugir, mas lembro que corri até ele e mordi sua garganta enquanto ele me furava com uma pequena faca. Arranquei a lanterna de sua mão e a arrebentei em seu rosto. O óleo incandescente imediatamente saltou do recipiente e iniciou um fogo que se alastrou pelo compartimento de carga.

O cansaço me consumia, mas passei a mão em um pequeno saco com moedas de ouro, joguei-o dentro de um pequeno barril vazio e tomei fôlego. Corri para o convés e vi alguns homens se preparando para controlar o incêndio enquanto outros preparavam armas. Saltei ao mar quando um deles gritou para que me segurassem, e nadei por horas e horas até alcançar terra, no alvorecer do dia. Aquele pequeno barril provavelmente salvou minha vida.

Passei dias vagando a esmo, até ser acolhido por um velho, Daugnir. Creio que ele sentiu pena de mim, e deve ter me achado muito burro também, por ficar andando sem destino com um barril cheio de água do mar. Fiquei abrigado nas florestas de Neverwinter, onde Daugnir, que descobri ser um velho druida lutador, aos poucos me colocou em contato com outras pessoas que odiavam o incessante clima de insegurança que pessoas como Ivar e meu pai estabeleciam na região.

Daugnir percebeu que poderia ser interessante que eu amadurecesse mais para ajudar nesse grande esforço conjunto para restabelecer a segurança no norte de Sword Coast. Me enviou para o sul, onde eu deveria encontrar com alguns velhos amigos dele. Antes de partir, raspei todo meu cabelo e minha barba, renegando uma velha tradição de minha terra. Só os deixarei crescerem novamente quando puder voltar para Luskan para matar Ivar e Ubba.

Sei que é apenas uma questão de tempo até cumprir minha missão. Nunca fui um bebedor de água benta, mas sei também que os deuses estão ao meu lado nessa jornada. Se não estiverem, azar, me viro sozinho.

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